Percorri esta semana doze livrarias, no intuito de encontrar títulos de livros sobre o assunto religião. Cataloguei seiscentos e quarenta e dois livros das mais diversas igrejas e sobre os mais diversos temas. Estavam todas a oferecer mais conhecimento sobre Deus, sobre a vida, sobre a morte, sobre a convivência e sobre moral religiosa.
Havia os romances, os livros esotéricos, os livros que pregavam certeza e os que pregavam fé. Havia títulos incrivelmente absolutistas, garantindo felicidade total e apostando que Deus era do jeito que eles diziam. Os autores que escrevem sobre religião às vezes querem destruir os mitos e as religiões dos outros, mas em troca oferecem os seus. Alguns são francamente ateus, outros são serenos e religiosos e querem divulgar a sua fé. E há os fanáticos que não escondem sua intolerância e visam claramente impor um único caminho que eles consideram a única verdade, o único jeito de crer.
Há os escritos nascidos de profundas elucubrações e pesquisas profundas. Há os superficiais que, já nas primeiras páginas, mostram de onde vieram, de que cabeças vieram e onde pretendem chegar: a um mundo liderado por gente como eles e que Deus nos proteja de tais crentes! O messias que anunciam são eles mesmos! Há os testemunhais de quem garante que teve um encontro com a divindade e agora tem algo a dizer. Há os questionadores e há os filosóficos que fazem pensar.
A moça que me viu vasculhando e procurando todos esses livros perguntou-me o que eu queria, anotando todos aqueles títulos e gravando os seus nomes e suas editoras. Respondi-lhe que estava pesquisando a preocupação do ser humano com a existência ou a não existência de Deus ou com o relacionamento das pessoas entre si e com Ele. Acrescentei que religião é importante e que sexo e religião são os temas que maior número de livros têm nas estantes. Ela riu e me disse: – Pior que é verdade! E as pessoas não vivem direito nem um ou de outro.
-E o senhor, já escreveu alguns? Perguntou ela. Respondi que mais de oitenta. E ironicamente ela retrucou: – E em que categoria os colocaria?…
Dei risada diante da franqueza da mocinha de vinte e três anos e respondi:
-Meus livros questionam quem questiona, questiona quem não questiona e questionam quem se questiona. Escrevo para perguntar se Deus, fé e religião são isso mesmo que andam dizendo que são ou pode ser melhor.
Dei risada diante da franqueza da mocinha de vinte e três anos e respondi:
-Meus livros questionam quem questiona, questiona quem não questiona e questionam quem se questiona. Escrevo para perguntar se Deus, fé e religião são isso mesmo que andam dizendo que são ou pode ser melhor.
E ela sorrindo, disse:
- Ah bom! Isso explica porque o senhor vem tanto aqui e está sempre procurando os novos lançamentos. E como vai se chamar seu próximo livro?- perguntou ela.
- Ah bom! Isso explica porque o senhor vem tanto aqui e está sempre procurando os novos lançamentos. E como vai se chamar seu próximo livro?- perguntou ela.
- De volta ao Catolicismo, respondi.
-Por quê?
-Porque muita gente foi embora sem saber porque foi, muitos estão indo sem saber porque vão, muitos estão a voltar sem saber porque voltam e muitos continuam confusos como antes. Estou escrevendo um livro que não tem todas as respostas nem poderia ter, mas que têm muitas perguntas que deveriam ser feitas por todos nós, a começar pelo papa, pelos bispos, pelos padres principalmente e por leigos e leigas como você. <
-Por quê?
-Porque muita gente foi embora sem saber porque foi, muitos estão indo sem saber porque vão, muitos estão a voltar sem saber porque voltam e muitos continuam confusos como antes. Estou escrevendo um livro que não tem todas as respostas nem poderia ter, mas que têm muitas perguntas que deveriam ser feitas por todos nós, a começar pelo papa, pelos bispos, pelos padres principalmente e por leigos e leigas como você. <
Disse ela
-Não estou indo nem voltando. Acho que estou parada. Quando escrever sobre o seu livro pode me incluir entre os católicos sentados e parados, que nem ficam nem vão. Mas como pretendo me casar na Igreja Católica que trata o casamento como experiência única e para sempre, acho que está na hora de querer saber um pouco mais sobre esta igreja na qual fui batizada; Só não quero ser catolicona fanática, nem católica intelectualóide; quero ser católica serena; Se tiver um livro sobre isso pode me dar, que é isso que estou procurando ou, pelo menos de hoje em diante, vou começar a procurar.
Como eu estava gravando os títulos dos livros, acabei gravando a nossa conversa e perguntei a ela se poderia reproduzi-la. Ela concordou. Perguntei-lhe pelo seu nome.
-Escreva Janete, que não é o meu nome, mas vou saber que se trata de mim. A seu modo ela me ajudou a prosseguir nas minhas pesquisas. Era uma jovem que sabia perguntar. E esse é o começo de toda a fé que se pretenda inteligente
Padre Zezinho
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