Não poderia haver dia pior para adentrar aquela cabine de atendimento. Com a alma carregando o peso dos problemas solúveis e insolúveis da vida e a cabeça cheia de dúvidas, inclusive a respeito do cuidado de Deus por mim, sentei na cadeira que os voluntários do Palavra Amiga ocupam e orei: “Senhor, por favor, permita ninguém ligue hoje. Não estou em condições de dar conselho algum”.
A resposta à minha oração não demorou: o telefone tocou. Relutei, mas atendi por obediência.
- Palavra Amiga, bom dia. Em que posso ajudá-lo?
- Eu queria conversar com alguém. (…) Acho que não tem mais esperança pra mim. Não tenho mais ânimo pra viver nem força pra continuar lutando. (…) Estou sufocado. Nada mais me importa. Já tentei de várias formas, mas saber que Deus existe não é suficiente pra aliviar meu sofrimento. (…) Tenho medo de fazer uma besteira e desaparecer…
- Olha, amigo, eu imagino a dor que você está passando, mas ouça: Você não deve desistir. Não vale a pena “fazer uma besteira”. Isso só vai piorar a situação. (…) Observe melhor: você tem muitos motivos pra perceber o quanto Deus se importa com você. (…) Ainda há esperança. Gostaria de ler um trecho da Bíblia. Está em Josué 1: 5-9: “… não te deixarei nem te desampararei … Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares”.
- (…) obrigado. Vou tentar continuar…
Finda a ligação, parei e assustei-me: Havia dado conselhos a mim mesmo! Um sorriso me tomou o rosto. Maravilhei-me da forma que Deus utilizou para trazer-me de volta a alegria, a paz e a esperança.
A fonte de fé estava à minha frente: a Palavra. E o Autor da fé estava ao meu lado. Como sempre, aliás. Entendi o que Ele me dizia “O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9). Ao ponto de a pessoa menos apropriada a dar um conselho naquele dia ter sido a mesma que abriu a boca e a Palavra para “se aconselhar”. Sem querer. Mas Ele, incrivelmente, quis. Vai entender Deus…
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